Era um daqueles dias, de não sair da cama e, por mais calor que fizesse lá fora, o corpo estava sob muitas camadas de cobertores. Uma dor que invadia todos os cantos, acompanhada de uma febre sem razão. Uma insanidade sem tamanho que arremessava para longe qualquer expressão. Na verdade era o cansaço do coração! Um coração falido dos sonhos, das ilusões, das cores, dos ardores que dão vida a todas as verdades.
Queria criar coragem. Levantar. Lavar o rosto do pavor. Vomitar uma gosma de vontade sem vontade, mas ela não estava mais lúcida e carregava todas as culpas num ombro que há tempos também estava cansado.
Pensava naquilo que o pensamento não compreende porque vai crescendo como bolhas quentes em chaleiras de água fervente.
Um turbilhão de fragmentos em suas mãos e não podia segurar. Ela, que na estrada do tempo já havia colhido muitas flores azuis, braçadas de girassóis e pequenas ervas da cor da terracota.
Sem querer, tão frágil, entre o gelo que se derretia.
Pronta para se afogar, nas lágrimas que se misturavam com a chuva, limpava o corpo... realinhava os castigos explícitos em tatuagens. Depois, num soluço profundo e num esboço de suspiros se aprumava, tomava os passos, ainda por baixo das cobertas e seguia tranquila, às margens daquilo que pensavam ser a sua felicidade.
FRAGILIDADES DESNUDAS - HISTÓRIAS DE SOLIDÃO...
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