Em algum lugar de mim, 26 de abril de 1963
É outono!
Manhãs de outono me enchem de luz.
Já acordo com um sol fresco dentro de mim. A casa enche-se de bálsamos e de folhas da cor de terracota.
Essa estação faz-me leve e livre.
Tudo me vem delicadamente!
A florescência dos jardins me encanta. Talvez seja por conta da florada que surge sutil, entre as ramagens ressequidas.
Posso contar-te dos jardins outonais.
Posso descrever-te os detalhes mais imperceptíveis...
Ainda quero te fazer um poema de outono. Nele serei uma velha árvore, despida de todas as primaveras. Verá apenas um tronco tortuoso, onde poderá gravar as iniciais de todos os teus sonhos e eu os decifrarei com calma e alegria.
Há tanto por se fazer nessa manhã de temperatura agradável.
Há o desejo, a vontade voraz de trazer tuas mãos para perto da minhas e, juntas, as nossas mãos, permanecerem, por toda manhã, revolvendo a terra ainda fresca e orvalhada.
Plantaremos juntos, as rosas dos próximos dias, aquelas que transcenderão as demais estações.
No mais, um leve beijo e um breve abraço
Penélope